terça-feira, 1 de agosto de 2017

OS SEFARDITAS EM ISRAEL

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Embora o sionismo tente passar a imagem de que o povo judeu dependa da existência do Estado de Israel, omite-se o fato de que os judeus sefarditas (chamados de mizrahim, cuja tradução seria "orientais") se integraram aos povos nos quais escolheram morar. Enquanto os judeus Asquenazes eram perseguidos na Europa, em países como o Marrocos (que mesmo com as colonizações ao norte da África se manteve árabe), encontravam-se judeus vivendo com plenos direitos, inclusive tendo importantes cargos governamentais, como ministros, por exemplo.

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  Grupo de judeus sefarditas

Após a criação do Estado de Israel, muitos sefarditas se viram obrigados a saírem de seus países de origem, devido ao temor de sofrerem retaliações aos atos do judeu europeu sionista. Muitos largaram uma vida bem-sucedida em países arabes para agregarem-se aos kibutz. Por muito tempo, se vende a ideia de que estes kibutz seriam aldeias socialistas em sua essência. O que ocorre, na verdade, é a exploração dos sefarditas pelo asquenazes. O asquenaze teria um certo rancor histórico: por serem mais fechados que os sefarditas, não se integraram aos países onde viviam. Exerciam profissões mal vistas ou mal remuneradas, como engraxates, donos de prostíbulos, etc. Hoje, os sefarditas são cidadãos de segunda classe, servindo como mão-de-obra barata e tendo sua identidade cultural tolhida. Nos kibutz, exercem os trabalhos mais pesados, recebendo muito menos que o judeu europeu. nas escolas não aprendem seu idioma, o ladino, apenas o iídiche. 

CANÇÃO LADINA DE NINAR

A história é contada do ponto de vista do asquenaze, como se o sefardita não fosse judeu (acontece algo semelhante no Brasil, não se aprende muito a respeito dos colonizados ou escravizados, apenas do europeu). Em 1949, referindo-se aos sefarditas, o jornalista Arye Gelblum escreveu:
Esta é uma imigração racial sem precedentes no país[...] Estamos lidando com gente cujo primitivismo chegou ao ápice, cujo grau de conhecimento é praticamente a ignorância absoluta, e, pior, com pouco talento para compreender qualquer coisa que seja intelectual. Em termos gerais, eles são ligeiramente superiores à média dos árabes, negros e berberes das mesmas regiões. De qualquer forma, são inferiores até mesmo ao que percebemos dos primeiros árabes da Eretz Israel [...] A esses judeus também faltam raízes no judaísmo, uma vez que estão totalmente sujeitados aos arbítrios de instintos selvagens e primitivos [...] Assim como os africanos, jogam cartas a dinheiro, bebem e prostituem-se. A maioria deles tem graves doenças oculares, sexuais e de pele, sem mencionar os roubos e furtos. Indolência crônica e aversão ao trabalho, nada se salva neste elemento associal [...] A "Aliyat HaNaar" [a organização oficial responsável por imigrantes jovens] recusa-se a receber crianças marroquinas e oskibutzim não querem nem ouvir falar em recebê-los.

Nas conversas entre judeus europeus, os sefarditas são às vezes chamados de "schwartze-chaies" ou "animais negros". Eis o relato de Amnon Dankner do jornal HaAretz:

Esta guerra [entre os asquenazes e os sefarditas] não será entre irmãos, não porque não haverá guerra, mas porque não há irmãos. Porque, se eu tiver de fazer parte dessa guerra, que está sendo imposta a mim, recuso-me a chamar o outro lado de irmão. Eles não são meus irmãos, não são minhas irmãs, deixem-me em paz, eu não tenho irmã [...] Eles colocam o manto pegajoso do amor a Israel sobre a minha cabeça e pedem para eu ser condescendente quanto às deficiências culturais dos sentimentos legítimos de discriminação [...] eles me colocam em uma jaula com um babuíno histérico e dizem: "Pronto, agora vocês estão juntos, podem começar o diálogo". E eu não tenho escolha. O babuíno está contra mim, o guarda está contra mim, e os profetas do amor de Israel ficam de lado e dão uma piscadela perspicaz para mim, que significa: "Fale direito com ele. Jogue uma banana para ele. Afinal de contas, vocês são irmãos [...]"

O que ocorre lá não difere em nada das outras colonizações europeias. Aqueles que relacionam o anti-sionismo com o anti-semitismo deveriam refletir. Pois foi o sionismo que transformou o sefardita em um cidadão de segunda classe. Foi o sionismo que retirou dos palestinos o direito legítimo de viver em sua terra. Deveriam considerar também, que Israel é o maior violador do Direito Internacional, junto de seu padrinho EUA (fundamentalista cristão?).

Bibliografia recomendada:

 O Amor Mais Forte que a Morte: Sionismo e Resistencia Palestina - Lacaze, Marie Theréze
 La Discriminacion de los Judios Orientales en Israel - Sayeg, Hilda Sa Aban
 Os Sefarditas em Israel: O sionismo do ponto de vista das vitimas judaicas - Shohat, Ella

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