segunda-feira, 9 de outubro de 2017

ARQUITETO

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Arquiteto: A palavra vem do grego ARKHITEKTÔN que significa “ o construtor principal” ou “o mestre de obras”.
A definição acima é só uma, a principal de diversas outras encontradas, todavia me parece que esta converge atitudes bem do modo que pensamos a profissão na sua essência. De um profissional com conhecimento abrangente, tendo a função de compatibilizar projetualmente as diversas necessidades da construção de uma edificação. Subtende- se o controle e a compreensão de cada etapa de todo um processo, do ato de criar (o projeto) ao ato de realizar (o construir). Defender e manter o projeto como elemento indivisível, qualifica o domínio, a qualidade e controle profissional do seu ato criativo, envolvido e contagiado de todas vertentes necessárias ( culturais, sociais e tecnológicas). Todavia, hoje num um tal “LIVRE MERCADO”, que um capitalismo neoliberal ( Milton Friedman), busca e divulga como algo mais “democrático”, por não ter amarras. Vão de preços livres a qualidade bem flexível do produto. Como um profissional que tem uma responsabilidade social, econômica e cultural pode exercer sua profissão, sem um mínimo de controle no sentido de se ter uma definição de como é esta responsabilidade, com ele próprio como também em relação a sociedade, desde que o resultado do seu trabalho reflete diretamente na imagem da cidade e na qualidade de vida dos cidadãos. Sim , LIVRE MERCADO não é abrir mão das suas responsabilidades sociais, nem tão pouco ceder suas responsabilidades de qualidades projetuais aos contratantes, nem tão pouco abrir mãos dos seus honorários em função de remunerações indiretas, que com certeza fogem de uma transparência das escolhas e das qualidades das especificações, já que são pagas em função de percentuais negociáveis, valores estes variando de fornecedores diversos com produtos similares, mas nem sempre com a mesma especificação e qualidade técnica. Mercado livre seria se os resultados tivessem uma análise de custos e produção, para definição dos custos projetuais avaliados e baseados nos mesmos critérios de entregas de produtos e resultados tecnicamente realizados, de modo que a execução da construção fosse totalmente definida, e respeitada, no projeto executivo e nas especificações. O que temos são projetos totalmente subdivididos e incompletos, tipos os projetos básicos que comprovadamente ampliam as negociatas das obras públicas e privadas. A total omissão do profissional no controle da qualidade e na execução do projeto, conforme deveria ser acordado e definido ao produzir os desenhos. Estamos abrindo mão das decisões e das nossas responsabilidades, virando meros desenhadores das vontades empresariais e dos dirigentes públicos. E, para espanto geral, quanto mais subservientes são os profissionais, mais contratados são. Este é o profissional de arquitetura que a sociedade precisa? Ou o que sabe das suas responsabilidades e mantem sua “intransigência” por estar ciente de suas responsabilidades com a cidade e com os cidadãos como todo. Ou é o profissional que para ficar e atuar num mercado (público ou privado), onde não é ouvido e nem tem suas opiniões respeitadas e acatadas, simplesmente pergunta: “...o que faço e onde eu assino?”. E além do mais, transferindo, decalcando e repetindo "tendências" de linguagens alienígenas, em nada contribuindo para manter a arquitetura como referência social e cultural de um local, algo que, como arquitetos consciente, acreditamos e defendemos. Ou simplesmente transformar arquitetura em um sub produto comercial e repetitivo, sem personalidade e integridade, em nome de uma conta bancária mais gorda, ou um SUV, prata ou preto, para circular em uma cidade que, com certeza, os filhos não usufruirão, a não ser nos condomínios fechados, dos quais não sairão jamais. Condomínios estes que as ideologias com visão estreita insistem em projetar, e defender, como ideais. Enquanto o engenho cidade, algo criado pelo ser humano para ampliar, conviver, trocar seus conhecimentos e suas diversas produções, refletindo em interação e integração social, passa a ser somente fragmentos isolados e estagnados, com este pensar de comportamento disforme e uniforme dentro destes “cercados”, nada plurais. Que profissional de arquitetura é este que propõe assumir seu conselho e se associa, abrindo mão das suas responsabilidades sociais e culturais, a associações com visão empresarial e mercantilista, em nome de um mercado totalmente livre, o qual sabemos só tem desqualificado a cidade na sua circulação, no conforto térmico e no imagético com impressões repetidas das suas “novas” edificações, que muito breve se tornarão velhas, por não terem consistência nenhuma. Nem espacial, nem técnica, nem plástica e, principalmente, social. Um nada. Além do mais um Conselho profissional é criado por lei federal, e não é um simples achismo, que vai mudar os encaminhamentos legais, se uma récem empossada chapa concorrente, que apela para um discurso sem conteúdo e de linguajar chulo e desrespeitoso com os colegas, bem ao nível desta politicagem atual, tão repudiada por pessoas sérias e de escrúpulos reconhecidamente comprovado entre seus pares . É ignorar uma realidade, propor que em três anos fará e mudará a legislação federal, além do que o conselho estadual é executivo, não propositivo. É o desconhecimento das funções das diversas entidades dos arquitetos e suas respectivas atuações, levando a fazer toda uma confusão das suas ações e os seus alcances. Para a maioria dos profissionais é até admissível, mas para quem está disputando assumir o conselho, que é uma autarquia federal, dizer e garantir alterações inviáveis legalmente, só pode ser total ignorância, ou má fé, o que não é novidade...em certos casos.
Vejo, voto e participo da CHAPA 3, na eleição do CAU.BA, por uma proposta consistente e afirmativa de uma qualidade profissional do arquiteto e em defesa da sociedade, dentro de uma realidade de legislação que precisa, e pode, ser evoluída, mas sem promessas inviáveis de imediato, para vender ilusões....com fins eleitoreiros, algo que como já “disseram” : Brasília está cheia...mas, destes que prometeram e pactuaram com todos e com tudo. O resultado de promessas não reais e inviáveis, já sabemos...

Neilton Dórea
Vice Presidente do IAB-Ba
Professor Adjunto IV da Ufba
Conselheiro Superior do IAB
Doutorando em Arquitetura na UFBA.
Professor de Projeto na UNIME
Suplente Federal do CAU
Titular do escritório Neilton Dórea Arquitetura e Urbanismo

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